Eis o que deve ser feito

Não, não é uma noite qualquer. É uma noite fria e inóspita, mas que acaba sendo aconchegante em meio às lágrimas e ao corpo dolorido. Refletir dói; mas a dor é boa e acalma. Dentro de mim, há vazio e há tumulto, e não posso distinguir quando é um e quando é outro. Sei que respiro, mas será que realmente vivo? Sei que sou eu, mas será que estou sob uma máscara mais uma vez?
Uma hora, você acaba se cansando e percebe que tudo foi em vão. Não adianta guardar as lágrimas, elas acabam escapando. Quando escapam são como tempestade: destroem, mas limpam. Sabe aquela dorzinha aguda, aquela angustia que vai subindo aos poucos? Deixe que ela venha e que seja tão avassaladora quanto tenha que ser. Depois você vai se sentir puro.
É como imaginar-se entrando no mar: deixando que as ondas levem tudo de ruim que há dentro de você. Então você pode respirar, sentir o cheiro salgado da praia, e dizer: – Estou livre! E você sabe que sentir-se livre de um sentimento que sufoca é como bálsamo mágico. Só não é mais poderoso que o amor, mas assim, acredite, você vai criar a capacidade de amar novamente.
Mas a capacidade maior de mudança está dentro de você. Nem o amor pode ser tão forte quanto sua vontade e seus pensamentos exercidos sobre você mesmo. Se você quer sair da fossa, sairá. E isso também tem a ver com amor, mas com um amor muito maior: aquele que só você tem e que só pertence a você. Sim, aquele amor que você emprega em você mesmo. Amar-se: eis o que deve ser feito.

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